sábado, 18 de outubro de 2008

Agora é pra valer

(Nossas pegadas, numa praia de Fernando de Noronha, deixadas lá em dezembro de 2002)

Seis meses sem o Marquinhos e eu continuo acreditando que o tempo tudo cura. Penso nos diálogos do cinema quando, perguntado sobre a mulher, o mocinho diz que ela morreu e, em resposta ao clássico “sinto muito”, ele acrescenta: “tudo bem, isso foi há muito tempo”. Já perceberam essa resposta padrão? Pois reparem.
Parece que a morte quando fica no passado perde o peso, dói menos.

A minha dor, no entanto, é a mesma que senti no dia 18 de abril de 2008, por volta das nove da manhã, quando aquela médica (ou seria uma estudante de medicina) disse com sua cara cínica (havia um sorriso indisfarçável no rosto dela) que eles haviam feito “tudo que podiam”. Será mesmo? De modo geral, não confio em médicos.

Dali em diante, vocês sabem mais ou menos o que se seguiu: primeiro um estado de letargia, como se aquilo não fosse comigo; depois uma falta física, saudade do corpo, do cheiro, do toque (isso, ainda sinto); mais tarde, uma raiva monstra de tudo: do que chamam destino, da pena dos outros, de médicos, de deus e até do próprio Marquinhos. Ai veio a fase do medo de não dar conta, de não conseguir, de fracassar (esse vez ou outra ainda me acomete).

Agora vejo que todas essas fases serviram para entrar num novo estágio da minha vida: o do “agora é pra valer”. Estou reassumindo aos poucos minha rotina, o que inclui a minha casa, os meus prazeres e, agora, a educação e os cuidados com a minha filha. Claro, ainda tenho a ajuda da família e dos amigos – de quem precisarei para sempre. Mas sinto claramente que entrei na fase 2 da minha vida. Não tenho idéia como será essa fase, nem quem serei eu inserida nela, mas gosto de pensar que há outra vida surgindo. Surge comigo, surge com a Julia e principalmente surge com a ausência do Marcos, tão presente cada dia em mim.

Queria que o tempo voltasse, mas já que isso é impossível, que pelo menos ele passe rápido e opere em mim o que é preciso.
Saudade.

Nesse dia, uma linda homenagem feita pelo Humberto há quase seis meses, mas ainda de agora.
Na página 14:
http://publimetro.band.com.br/pdf/20080428_MetroSaoPaulo.pdf

4 comentários:

Anônimo disse...

Martinha, você dá o caminho pra gente: é mais senhora do "tempo" do que consegue perceber. Saudade do Gusma, muita, sempre. Orgulho de você, da sua força redescoberta, sempre. Um beijo, Ju

Anônimo disse...

Você é meu grande orgulho. Eu te amo muito. É orgulho também da Julia, do Caio, da Adália, ...., da Sílvia,...

Anônimo disse...

Estamos aqui.

Anônimo disse...

Hi,

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