terça-feira, 30 de setembro de 2008

Para mães e machões



Agora que já sou quase uma expert em amamentação, tenho me dado ao luxo de amamentar e ler ao mesmo tempo. Para essas horinhas (em média 40 minutos a cada três horas), não é qualquer livro que me serve. Em primeiro lugar, eles precisam ser leves e aqui não me refiro à intensidade do enredo, não. É de peso mesmo. Imagine que com uma mão eu seguro um bebê de quatro quilos. Não dá para segurar uma bíblia só com uma mão, certo?

Também tenho gostado de ler contos ou narrativas curtas, porque assim consigo um ponto final em cada mamada, o que me dá a sensação de estar aproveitando muito bem o tempo. Enfim, isso tudo reforça que livro é objeto, sim.

Nessa linha veio a calhar o que ganhei do meu amigo Bruno Manso, autor de “Homem X” (Record). Faz um tempo, ele comentou que tinha lido uma autora de agora, chamada Adriana Lunardi, e que ao contrário de todas as suas expectativas, tinha gostado bastante dos contos dela (vale dizer que o Bruno até bem pouco tempo achava que romance era coisa de mulher!). O legal é que ele quis dividir comigo suas impressões e me deu “Vésperas” (Rocco), segundo livro de Adriana.
Segundo diz na orelha do livro, embora venha sendo elogiada por sua produção, essa é mais uma autora que não vive de literatura. Diz lá que ela é roteirista de um programa de TV nas horas vagas.
O livro, de fato, foi muito bem bolado, passa a sensação de algo pensando, trabalhado com cuidado e muito suor – coisa boa de ler. São nove contos e um tema: a morte de grandes escritoras. Todas mulheres, todas brilhantes. Virgínia Woolf, Dorothy Parker, Ana Cristina César, Clarice Lispector... E por ai vai. Claro, comecei por Clarice, depois li Ana Cristina César, depois Virgínia e assim segui, dando uma ordem minha, ignorando solenemente o sumário. Eu adoro livros que dão chance para o leitor interferir a esse ponto!

O conto que mais gostei é “Ana C.” É denso, é presunçoso (e isso aqui é uma qualidade) e muito bem escrito. Ali está o encontro de um doente terminal, que assisti aos seus últimos minutos de vida, com a poeta Ana Cristina César, que cometeu o suicídio em 1989 se atirando da janela da casa dos pais, quando tinha 31 anos. O texto tem um tempo muito interessante e, embora intenso, não chega a ser aflitivo. É evidente, minhas memórias dos instantes sofridos dentro da ambulância que cortava São Paulo numa manhã de sexta e no hospital, enquanto médicos tentavam reanimar o Marquinhos, voltaram em enxurrada. Mesmo assim, e estranhamente, me senti muito em paz com a leitura.

Também gostei muito de “Ginny”, um relato frame a frame do suicídio de Virgínia Woolf (nota-se meu fascínio por histórias de suicidas!). Imagine se fosse possível um fã ter testemunhado cada passo da escritora inglesa antes de afogar-se no rio Ouse, em 1941. É uma narrativa apaixonada, que não tende ao desequilíbrio, não apela à loucura e consegue ser bem instigante.

É isso. “Vésperas”, de Adriana Lunardi, é uma boa leitura para mulheres que amamentam como eu ou homens que acham que romance é coisa de mulher, como o Bruno.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Um mês com ela



Parece que foi ontem, mas já faz um mês que minha Julia fez sua estréia nesse mundinho nosso. É fato, não há tanto para oferecer de bom aqui fora do barrigão, mesmo assim, e sabe-se lá a razão, a vida vale à pena. E eu sou a melhor prova disso.

E como chegar a um mês sem ceder à tentação de fazer um balanço?
Posso dizer que aprendi muitas coisas com (e sobre) a Ju nesse tempo. Por exemplo:
- Banho pra ela tem que ter água a 35 graus, nem mais nem menos. Ah, e ela adora tomar banho. Não reclama e se alegra toda quando coloco seus pezinhos na água;
- Minha Julia faz parte do chamado grupo de bebês sugadores. Ou seja, ela precisa sugar o tempo todo, e já dava provas disso desde a barriga. Nas duas últimas ultras, ela apareceu chupando o dorso da mão em uma, e o antebraço na outra. E eu que dizia que filha minha não ia ter chupeta, pago pela boca e me desespero se não tem uma por perto;
- Por gostar de chupar sem parar, ela tem gases, se contorce toda, fica vermelha. Nessas horas, além das gotinhas que a médica homeopata receitou, ela precisa de massagem na barriga e exercício com as perninhas;
- Minha Ju adora movimentar o corpo. Ela gosta de ser tocada, esticada, fica quietinha quando fazemos exercício ou quando está no provador, enquanto trocamos sua roupa. Adora que alguém segure suas mãozinhas, estique suas perninhas... Acho que vai adorar as aulas de ioga;
- Ela é atenta, tem ótima audição, e é bem curiosa (será que vem uma jornalista por ai?). Fita seus olhinhos castanhos no que lhe chama atenção. Às vezes é o nada, ou alguma coisa que só ela enxerga. Outras (muitas) vezes é o meu rosto, que observa com tranqüilidade e atenção, como se quisesse decorar cada detalhe.

Outras coisas, tenho aprendido na prática e nos livros – sempre os livros! A minha bíblia do momento ganhei da querida Anne Dias e chama “O que esperar do primeiro ano” (Editora Record). Esse livro é continuação do também ótimo “O que esperar quando se está esperando”, que li durante a gravidez (empréstimo mais que providencial da Fabi Correa).
Mas voltemos ao livro do primeiro ano. Nele, até agora, eu encontrei simplesmente tudo que precisei. No meio da madrugada, a Ju esperta que só ela, eu me pergunto se cocô amarelo é sinal de saúde. Vou lá e tem um guia com as cores que um cocô de bebê pode ter e o significado de cada uma. Outra hora bate aquele desespero com um choro fora de hora da pequena. Corro lá e mais um guia com o que quer dizer cada tipo de choro. Não é o máximo?

Enfim, essa é minha dica para quem pensa em se aventurar na vida de mãe e, como eu, não tem a menor idéia do que isso significa. Esse livro ajuda um bocado - olha ai, Dani DE Lacerda, uma boa dica para ir preparando o espírito... Aproveita e vai se desprendendo do hábito das noites de sono contínuo, se prepara para ver os peitos crescerem que nem essas tchutchucas que põem silicone (infelizmente, eu acho peito grande vulgar!) e vai comprando roupas que abrem fácil na frente. Você vai precisar!
:-)

p.s.: claro, nem tudo são flores e eu dou minhas atrapalhadas. Ontem, por exemplo, pinguei as gotinhas para gases da Julia no meu nariz – enganado, claro! Isso me rendeu uma dor de cabeça e uma sensação estranha de bolhas estourando no ouvido. Ainda bem que não foi o contrário e eu não coloquei nela as minhas gotinhas para estimular a produção de leite. Já imaginou? Credo!

sábado, 20 de setembro de 2008

O riso dela



Diz aí se ela não está sorrindo...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Meus dias


Mama, troca fralda, dorme, acorda, mama, troca fralda, dorme, acorda...

Os dias da Julia são assim, e os meus seguem o mesmo ritmo. Não reclamo. Como diz uma amiga: estou ganhando para isso, ne?
E fora que nada pode dar mais prazer do que aquele momento sublime, pós-mamada, quando ela se joga no meu colo, quase me abraçando, com tanta confiança que meu corpo é continuação do dela. Ainda somos uma, aprendendo a ser duas.
Também amo quando ela ri para mim (sim, já sei, bebês dessa idade não sabem rir, mas que parece, parece). E fico boba quando, na hora do banho, ela titubeia entre o prazer da água morna e a imensidão que deve parecer aquela banheira e, para se sentir segura, aperta minha roupa com sua mãozinha, com força.
Eu me sinto importante, essencial e volto a acreditar no futuro.
Julia é linda, irresistível e eu já estou completamente apaixonada por ela.

Ah, e ainda encontro tempo para escrever minhas coisinhas, ler um bocado e escrever resenhas vez ou outra. No link, mais uma publicada no UOL essa semana. Prometo em breve publicar uma exclusiva para o blog. Tenho que escrever um post sobre os livros que ensinam a ser mãe e outro sobre "Carta a D.", o encantador livro/carta de André Gorz. Vou devagar, mas vou.

Beijo,

http://diversao.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/2008/09/14/ult5668u53.jhtm


domingo, 7 de setembro de 2008

Viagem literária

Em se tratando de mundo virtual, essa resenha já está até velha. Foi publicada no dia primeiro. A dica fica, então, para os que não deram aquela espiada rápida na página de resenhas do UOL.
"Dias na Birmânia" é o primeiro romance de George Orwell. Foi escrito em 1934 e é a prova de que o talento desse indiano/inglês vem de muito tempo. Um romance que te transporta, literalmente, para a antiga Birmânia, hoje (pouco) conhecida como Mianmar. Esse livro me fez viajar tanto que até me assustava quando me dava conta que estava cercada de brasileiros, sabe assim?
Além disso, é uma narrativa cheia de ótimas metáforas - ponto chave para tornar um livro numa grande obra.

A resenha:
http://diversao.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/2008/09/01/ult5668u51.jhtm

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Julia no jornal

Eu continuo sem palavras, mas meu amigo Humberto Werneck as têm de sobra.
Que sorte a minha tê-lo por perto!

Vai lá (na página 14):
http://metropoint.metro.lu/20080825_MetroSaoPaulo.pdf

p.s.: aproveito para agradecer os mil afagos, beijinhos, flores e presentes, palavras escritas e faladas, brindes e mais brindes que ganhamos esses dias. Foi ótimo receber a Julia cercada pelo carinho da família e dos amigos. Agora, estamos numa fase "se conhecendo" e assim que as coisas ganharem ritmo, abriremos para visitas.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Here comes the sun

Era assim no dia 25/08/2008
Assim no dia 26/08/2008
E assim ontem, dia 02/09/2008


Meu sol nasceu... E eu não tenho palavras.

Apenas alguns números (e um nome):
- Foi no dia 26/08/2008, às 00h20.
- Chegou com 3,710 kg e 51 cm (como coube!).
- Nasceu de cesárea, depois de 9 horas tentando um parto normal.
- Seu nome é Julia.

p.s.: ah, sim, muita gente diz que ela é mesmo a cara do pai.