segunda-feira, 29 de março de 2010

Delírio ou um livro bom

Jornalista já está acostumado com isso, mesmo assim foi difícil escrever a resenha dessa semana do UOL. Motivo: o livro é muito bom! Sério, não me lembro de ter lido uma obra de estreia tão boa quanto “Lugar”, de Reni Adriano (editora Tinta Negra). Falar mal, criticar, apontar falhas... Tudo isso é muito fácil. Sei lá, jornalista já nasce com uma língua ferina, veneno na veia, instinto aguçado para ver o lado ruim da coisa. Não me queixo dessas minhas, digamos, qualidades. Por isso mesmo, fiquei muito insegura em escrever uma resenha de um grande livro sem uma fortuna crítica nas costas, como respaldo. Perguntava a mim mesma ao longo da leitura: “caramba, será que esse livro é isso tudo que estou enxergando?” É.

O livro chegou até minhas mãos pelo Bruno, amigo querido que já me indicou outras coisas boas no passado. Adoro quando ele diz que tem um livro para mim, que viu e lembrou de mim, essas coisas. Adoro ganhar livros. Mas desse bateu um medinho.

Livro de estréia de um moço desconhecido, sem precedentes nos jornais, nem nas revistas literárias. Dei um Google para ver o que descobria do Reni, mas a conversa com o Bruno foi mais esclarecedora. Sabia que o livro tinha vencido um prêmio literário em Minas (o que, convenhamos, nem sempre significa alguma coisa) e que o autor é um cara bem interessante, formado em filosofia, que cresceu na periferia de São Paulo sem se contaminar com a violência que levou alguns de seus amigos... E por ai vai.

Pensei: lá vem mais um livro com a violência meio de deusa e que a gente, mortais da classe média, tem que ler com respeito, no mínimo. Chato.

Não é nada disso. “Lugar” é um livro completamente original. Tem muito mais da memória de uma interiorana Minas Gerais (onde Reni morou até os sete anos) do que da São Paulo barulhenta e perigosa de hoje.

Mas o que chamou minha atenção foi um incrível exercício narrativo. Um trabalho primoroso de quebra da palavra ao meio, pura inovação linguística.


Socorro: nasce uma estrela da literatura e eu estou aqui, assistindo tudo de camarote.
Tenho mesmo muita sorte!

A resenha, com direito a mini entrevista (com big respostas) do autor, em:
http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/narrativa-totalmente-original-toma-conta-de-lugar-do-estreante-reni-adriano.jhtm


p.s.: Por favor, leiam! E depois me digam se tudo isso é um delírio meu.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Lobo Antunes

"Anoitece tão cedo em mim."

quinta-feira, 4 de março de 2010

Fevereiro russo


Não, não foi influenciada pelo meu inferno astral que escolhi o título desse post. É dediquei fevereiro aos autores russos nas minhas resenhas do UOL. E quem me deu essa ideia foi a carinhosa atendente da Livraria da Vila, da Vila mesmo, que não lembro o nome. Sempre fico ali rondando a mesa de lançamentos, escutando as conversas no café para ver que livro tem a cara do leitor do portal e dia desses ela me abordou. Perguntou o que eu fazia, expliquei, e ela me levou direto para esses dois lançamentos da Editora 34: “Gente Pobre”, de Dostoiévski; e "Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk", de Nikolai Leskov. Dois livros incríveis. Imperdíveis. “Gente Pobre” foi o primeiro livro de Dostoiévski , responsável pelo sucesso automático do escritor. É um romance epistolar, mas com ampla visão social. Lady Macbeth é um dos livros mais incríveis que eu li na minha vida. Relata a transformação de uma mulher “normal” numa assassina cruel, com uma história de paixão desmedida arrebatadora. Tipo imperdível.

As resenhas:
http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/romance-de-nikolai-leskov-expoe-a-transformacao-de-uma-mulher-comum-em-assassina.jhtm

http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/gente-pobre-de-fiodor-dostoievski-inaugura-o-romance-social-russo.jhtm

p.s.: o inferno astral acabou, já estou de volta! :D