sábado, 11 de setembro de 2010

Woman as muse



(Dame Laura Knight, “Three Graces”)

Das coisas inexplicáveis da minha vida, cheguei ontem da Grécia. Foram dez dias de programação intensa de trabalho, muita visita a vinhedo, degustação de vinho, fábrica de mel, produtor de feijões brancos gigantes, enfim, muita coisa deliciosa, mas pouco tempo para conhecer o país mesmo. Só um dia antes da volta, consegui entrar num museu, e não foi o de arqueologia! Decidi ir num museu privado, pequeno e meio escondido só pra ver essa exposição: “Woman as muse”, um apanhado sobre a mulher como inspiração na arte. E pensar em musas na Grécia foi cereja no bolo demais pra mim.
Na mitologia grega, eram nove as musas, todas filhas de Mnemosine e Zeus e associadas a uma inspiração: música, tragédia, comédia, eloqüência, poesia lírica, história e astronomia, dança e música sacra. Para cada uma das artes, a imagem de uma das musas. Foi com o Cristianismo que a mulher perdeu seu poder de deusa inspiradora, afinal inspiração vinha do céu. E o status de musa só volta, em novo conceito, é verdade, com o Renascimento, quando a arte se voltou ao estudo do corpo humano.
A exposição segue citando Dante Alighieri (1265-1321) e seu fascínio pela mulher normal, da rua, personificado em Beatrice Portinari. À sua musa, ele deve o impulso do seu primeiro soneto de amor, quanto tinha 16 anos.
Os artistas do século 19, em particular realistas, impressionistas e pós-impressionistas, se inspiraram nas mulheres do dia a dia. Degas buscou a mulher num café, a bailarina ensaiando. Gaugin não resistiu às nativas do Tahiti. Toulouse-Lautrec ficou obcecado por atrizes, cantoras, dançarinas. Algumas como Yvette Guilbert, ele seguiu por noites, assistindo o mesmo espetáculo milhão de vezes.
Os quadros, a maioria desenhos, são de 1900 a 1950 e de artistas europeus. Tem coisas ótimas de Salvador Dali, Henri Matisse, Henri de Toulouse-Lautrec e Picasso - cuja obra evolui, dizem, de acordo com a mulher que ele se relacionava na época.
Até dia 21 de novembro, no Herakleidon, ali em Atenas, Grécia.
http://www.herakleidon-art.gr

5 comentários:

Rachel disse...

Seus textos são divinos!

Marta disse...

uia, Rachel! Agora fiquei metida.

Tudo al dente disse...

hoje tem musa em tudo que é canto. Sábado encontrei uma, bela que só ela, no Baixo Augusta. bjs

LUARES DE LILITH disse...

Lindos, o teu texto e deve ter sido também o passeio. Estou procurando informações sobre cultura celta (que também valorizava o feminino!), se você tiver algum livro para indicar-me, agradeço muito!0 Abraços! Lu

Anônimo disse...

Gosto muito dos seus textos. E te admiro, assim como a Cris Guerra. (Minha história é como a de vcs, perdi meu marido grávida de 8 meses...gostaria de ter a força de vcs para superar isso, ms está muito, muito difícil). Lu.