segunda-feira, 13 de abril de 2009

Seres vulneráveis

Sim, “O Filho da Mãe” (Companhia das Letras), de Bernardo Carvalho, terminará o ano entre os melhores lançamentos brasileiros, disso não tenho dúvida. O livro é muito bom e tenho isenção total para dizer isso: nem conheço o cara e nem acreditava muito nesse projeto “Amores Expressos”. Não engrosso o coro dos que acham absurdo financiamento público para a literatura (se financia tão pouco a literatura no nosso país...), mas duvidava que saíssem coisas realmente relevantes do projeto. Bom, não digo pelos outros 15, mas pelo menos uma boa história de amor saiu, e veio de São Petersburgo. Lá Bernardo passou um mês com a missão de parir um livro. Haja pressão!

A resenha você pode ler em
http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/2009/04/12/ult5668u89.jhtm


Eu só queria colocar aqui uma questão que me deixou, como diria minha vó, com uma pulga atrás da orelha.
”O Filho da Mãe” é, sobretudo, um livro sobre a vulnerabilidade, em especial a materna. As mães estão pelo avesso nessa trama complexa e cheia de tensão. São vulneráveis, como aliás somos todos nós.

Perceber-se vulnerável é assustador. Mais assustador que a vulnerabilidade em si é notar-se dentro dela. É a imagem de um homem (ou uma mulher) andando só numa rua escura – absolutamente sujeito ao desconhecido, que necessariamente não é ruim, mas até saber o que é, atemoriza.

No livro, Bernardo Carvalho vai e volta no tema. É vulnerável o casal de turistas perdidos a procura do hotel. É vulnerabilidade o que o ladrão procura nos olhos de suas prováveis vítimas. E da vulnerabilidade alheia que se alimenta o amor - e ai fiquei baratinada:

“Quando não há mais nada, há ainda o sexo e a guerra. O sexo e a guerra são o que todo homem tem em comum, rico ou pobre, educado ou não. O sexo e a guerra não se adquirem. A ideia de uma vulnerabilidade maior que a sua lhe desperta o amor.” (pag. 139)

A sujeição do outro preenche o amor (e, por consequência, o ódio).
Reticências.

Um comentário:

Klaus disse...

Marta querida, estamos com o pensamento em ti nesse dia (e sempre!)... Beijos em você, Júlia e toda a família. K & S