sexta-feira, 6 de março de 2009

Meu momento detetive

(Alexander McCall Smith. Crédito: Churchtimes.uk)

Pronto, me rendi a Alexander McCall Smith. Para quem não lembra, esse senhor com visual bonachão é um dos mais aclamados escritores de suspense/policial da atualidade. Nascido na África, McCall Smith cresceu e vive até hoje na Escócia. É em Edimburgo, aliás, que ele ambienta “Amigos, Amantes, Chocolate” (Companhia das Letras, 240 páginas), livro que marca a volta da filósofa bisbilhoteira Isabel Dalhousie. A mesma Isabel esteve em "O Clube Filosófico Dominical" (de 2004, lançado por aqui em 2007 pela mesma Companhia das Letras).

Isabel é a comportada editora da Revista de Ética Aplicada. Solitária entre seus livros, ela vê uma oportunidade de respiro quando a sobrinha a convida para substituí-la no comando de uma delicatessén. Ela passa uma semana entre queijos, embutidos e vinhos. Troca as perturbações da humanidade pelos doces dilemas de clientes indecisos entre chocolate belga e biscoitos de aveia. Era para ser uma experiência fugaz se não fosse o encontro com Ian, um psicólogo que acaba de passar por um transplante de coração.

É nesse ponto que a trama ganha doses certeiras de suspense. Ian enxerga um rosto desconhecido desde que deixou o hospital com um novo coração. E desconfia que a visão seja uma prova de ter herdado a memória do doador. Ai a história de McCall Smith embarca no misterioso mundo da memória celular, enveredando por contradições instigantes entre acaso e paranormalidade, e por ai segue.

Esse livro me fez lembrar do Marflasí, um grupo de bisbilhotagem que criei junto com duas amigas de infância. No alto dos nossos 12, 13 anos, pensamos que juntas conseguiríamos desvendar grandes mistérios do bairro. Tipo o quê? Bom, a gente queria descobrir em que trabalhava um mocinho interessante e misterioso da rua; qual a doença secreta da menina do prédio da frente do meu e a razão para um outro estanho rapaz do bairro se esconder por trás de barba e cabelos compridos demais pro nosso gosto. Eram causas importantes, e que exigiam discrição – tudo que três meninas curiosas por natureza precisavam para se divertir. Não lembro se chegamos de fato a desvendar algum dos mistérios, mas que foi divertido seguir gente sem se deixar notar, ah isso foi!
Em tempo: Marflasí = Marta + Flávia + Silvana.

De volta ao livro, e a delícia de ler um bom suspense, selecionei algumas frases dos diálogos de Isabel que merecem ser lembradas.
A resenha, na íntegra, está no:
http://diversao.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/2009/03/03/ult5668u83.jhtm

RECORTES:
“Birutas nunca riem de si mesmos” (p.144)

“Atos mentais não requerem linguagem” (p. 196)

“O que é o patriotismo senão o amor às guloseimas que comíamos na infância” (p. 230)

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