terça-feira, 11 de novembro de 2008

Família que se escolhe

(O dindo: Serginho, catando gelo lá em casa, no dia 28/03/2008)
(A dinda: Sanduíche de Aline numa festa dessas lá em casa, em algum dia de 2007)


Por ora, minha idéia é dar uma educação laica à Julia, no melhor estilo “igualdade, liberdade e fraternidade” que a gente vê nos filmes. Eu, que estudei em colégio de freira e tremia de medo de inferno, acho que é possível, sim, transmitir valores espirituais sem passar perto de religiões. Mesmo assim, optamos (digo nós porque foi uma decisão tomada com o Marquinhos) que o ritual do batismo seria seguido. Primeiro, porque acho linda a cerimônia (talvez só não seja mais bonita do que a de casamento). Segundo, porque acho importante que minha filha tenha padrinhos.
Ainda não sabíamos se quem estava chegando era a Julia ou o Francisco quando tivemos essa conversa sobre batismo. Foi fundamental aquele papo, vejo agora. Foi quando o Marquinhos me convenceu que deveríamos quebrar uma tradição da família, de irmão apadrinhar o filho do outro irmão. Seu argumento foi certeiro: essa é a chance de aumentar a família. Tio já tem (ou deveria ter) intimidade suficiente para participar e servir de exemplo para o sobrinho. A escolha dos padrinhos é, então, uma forma de assumir como família pessoas que só não são família por um acaso. Em outras palavras, é família que se escolhe.

Minha Julia já está devidamente apadrinhada (embora a cerimônia só acontecerá em janeiro). E eu estou muito feliz com nossa escolha (Marquinhos, naquela conversa, já deu sinais de quem queria ver nesse papel): Serginho e Aline.

Sobre eles, tenho muito que dizer.
Conheci a Aline na redação do JT. Nos demos bem de cara, e de graça. Nunca nos largamos. Aline é leonina, ou seja, adora um palco. E eu sou uma ótima espectadora – par perfeito! Ela é linda, magra, alta, se veste bem, adora jóias, vestidos e saltos. É desbocada, fala o que pensa, e fala alto. É CDF. Tudo que faz, faz bem-feito. É estudiosa, caprichosa, incrivelmente organizada com suas coisas (guarda as calcinhas dobradinhas na gaveta!). É prática, não tem paciência para tristeza, não. Aline não desiste nunca, ou demora a desistir, mas também se desiste de alguma coisa ou de alguém é porque aquela coisa ou aquele alguém merece ser desistido. Aline é energia pura, transborda emoção. Chorou copiosamente quando assistiu “Amor à flor da pele”, de Wong Kar-Wai, mas também sabe xingar o juiz no meio da torcida do São Paulo. Aline não é de Vitória – é de Cariacica, o que dá no mesmo no sotaque capixaba. Ela adora ler, faz poesia sobre Bolsa de Valores e prepara um jambalaia de comer ajoelhado. Como diria meu sobrinho: tudo acontece na vida da Aline, e ela é muito feliz.
O Serginho, esse seguramente foi o primeiro amigo do Marquinhos em São Paulo. Os dois trabalharam juntos na Veja. O Serginho, como o Marquinhos, tem o dom de agregar. Em volta dele tem sempre uma dúzia de amigos e algumas cervejas. Ranzinza quando acorda, ele é um docinho nas madrugadas. Festeiro, gosta de música alta e muita, e sabe como ninguém alegrar uma noite. De dia, faz cara de sério e mantém na linha uma carreira brilhante. É meio japonês e meio libanês. Gosta de sushi, mas não qualquer sushi. Serginho gosta de sentar no balcão e escolher os peixes pelo nome. Até pouco tempo, o Serginho não gostava de gatos (nem de cachorros), mas ai ele conheceu uma gata, chamada Erika, que fez ele se apaixonar por tudo quanto é bicho. Agora, ele dorme com um gatinho na cabeça, outro nos pés, e uma do lado. O Serginho também adora viajar, tem medo de ficar doente, não gosta de pisar descalço na areia, e sabe ser chato com quem merece. É bonito de terno ou de chinelo. E deve ser meu único amigo de 35 anos que não tem um cabelo branco, nem é careca!
São dois incríveis exemplos de ser humano. E se minha Julia um dia me disser que quer ser igualzinha aos dindos, eu serei muito feliz!

13 comentários:

Pequena disse...

A Júlia tá linda e vejo uma alegria nos seus olhos que é essa luz de mãe. Mesmo sem te conhecer, confirmo o que sentia: filho é uma felicidade sem cura. Lindos os seus textos, lindo como você escreve sobre os padrinhos. Você é tão generosa, Martinha. Fiquei aqui lendo de longe como se você fosse minha velha conhecida. E acho que é. Orgulho de você. Um beijo.

Cris.

Unknown disse...

Com certeza você, Gusmão e, agora, a pequena Julia estão entre os maiores acontecimentos da minha vida. Estou muito emocionada... você também me fez chorar...

Anônimo disse...

Que bela escolha, Martinha! Os dindos da Julia são verdadeiros amigos e é por aí que o exemplo acontece. Essa mocinha já está muito bem abençoada! :)
Bjos, Ju

Marta disse...

Ai, antes que eu esqueça, uma correção: Aline nasceu em Vitória, porque Cariacica não tinha maternidade quando de sua chegada.
p.s.: hehehe

Anônimo disse...

ai, martinha, que descrições lindas dos padrinhos. beijos na julia!!!fabi

Ingracia Carmona disse...

Que orgulho para os dois padrinhos terem uma afilhada menina tão linda e dois compradres tão especiais.. Não conheço bem nenhum dos dois, mas gosto assim mesmo de ambos, por conta de vocês.. Lindo o texto. Também me emocionei, Aline..E conheci, antes de saber que ela te visitava, o blog da pequena, o primeiro comentário do seu post. A Gisa descobriu, não lembro bem porque e me mostrou.. Pela foto, vejo uma semelhança física entre as duas. Ambas muito charmosas.. beijos pra vc e Julinha linda...

Unknown disse...

Estou sem palavras até agora.

Então solta o tema do Godfather!

:P

Beijos na família

Anônimo disse...

Olá Marta

obrigada pela visita e pelas palavras bonitas.
fico feliz que aquela carta tenha chegado aos seus olhos...muito mesmo, quando escrevi era algo necessário só pra mim, terapeutico quase, mas de repente conheci o blog da Cris e lendo pensei tanto nos medos e inseguranças de minha mãe em relaçaos aos nossos futuros que achei por bem compartilhar,
difícil sempre vai ser, mas com amor fica mais fácil aceitar a roda da vida, né?
a Júlia é linda e vcs têm um lindo caminho pela frente
bjs em vc e na pequena

Anônimo disse...

ai, que lindo! tô emocionada!
ps: comprei uma coisinha pernambucana p julia, um brinquedinho de antigamente... bjoca e saudade, lets

Anônimo disse...

Má, que lindo! Adorei os retratos escritos! E fiquei ainda mais feliz porque eu e o Dé vamos estar aí em janeiro! Quero tanto compartilhar um pouco dessa delícia que está sendo a Júlia na sua vida... muitos beijos.

Laura

PS: Vc já sabe a data? A gente só não vai estar em SP entre os dias 9 e 16 de jan.

Anônimo disse...

mais uma vez me emocionei com as suas palavras! ...lindos os padrinhos, a jú e você!! beijinhos nina

Anônimo disse...

Querida, parabéns! Não conheço o Serginho, mas a Aline é sensacional! É a pessoa mais intensa que conheço! A Julia já ama seus padrinhos, tenho certeza! bjs bjs bjs! Ah, eu tb tenho 35 anos e não tenho cabelos brancos... ainda!

miss derkins disse...

eita, que padrinhos lindos! saudade muita... :)
beijo, beijo, beijo