O título me prendeu: “Coisas que perdemos pelo caminho”, filme dirigido por Susanne Bier, com Halle Barry e Benicio Del Toro no elenco. Entrou na cestinha de DVDs do final de semana sem que eu precisasse ler a resenha.
No filme, a personagem de Halle Berry perde o marido, numa morte trágica e repentina. O personagem de Benicio era o melhor amigo do marido morto e vive ele próprio uma vida de perdas, desde que trocou a carreira de advogado pela sobrevida de um viciado em heroína. É do encontro dos dois, e de como cada um dá suporte à recuperação do outro, que trata o filme.
Corajosa essa relação entre o recomeço de um viciado que luta contra seu particular impulso à autodestruição e o recomeço de uma mulher que perdeu o homem de sua vida e se enxerga absolutamente sozinha, ao lado dos dois filhos pequenos. Tive medo de achar forçado demais, e seria forçado demais se não fosse a forma delicada em que esse vínculo foi estabelecido.
De fato, há semelhanças. São dois personagens que perderam, muito, de seus eus. No começo do filme, nenhum dos dois acredita possível esse recomeço. Ela tenta preencher os espaços vazios como pode, ao invés de redimensioná-los. Ele custa a acreditar que é capaz de mudar o rumo e age como se cada dia longe da droga fosse mais um dia antes da próxima recaída. Típico comportamento autodestrutivo. No meio dos dois, a delicadeza infantil diante da tragédia – inocente e sem rodeios.
Ultimamente, não por acaso, perdas da vida rondam meu pensamento. Lembro da minha primeira decepção amorosa (ou, ao menos, o que uma garota de 14 anos chama de amorosa); da primeira amizade partida; da primeira pessoa que desisti; do primeiro amigo que morreu; da primeira vez que duvidei da sinceridade de alguém. Perder é estranho. Marca, fere, machuca. A gente não esquece. Pode até esquecer o que ganhou, mas dificilmente apaga o que perdeu.
E aqui está a dúvida que depois de assistir esse filme persiste: esses momentos marcam por que neles perdemos um pedaço ou, ao contrário, por que ganhamos algo?
p.s.: Claro, tem também as perdas materiais que, no filme, são lembradas com uma carga enorme de clichê, com a velha história do incêndio na garagem (o título original do filme é “Things we lost in the fire”). As minhas perdas materiais são incontáveis. Relógio, óculos, bolsas, sapatos, perco tudo, o tempo inteiro. Uma malha azul que sumiu na mesma época que sentimos falta de uma malha também azul do Marquinhos. Sumiram as duas, para sempre. Mas também dou muita coisa. Tanto que nunca sei, quando sinto falto de algo, se perdi ou dei. São objetos e eles voltam, sempre voltam.
No filme, a personagem de Halle Berry perde o marido, numa morte trágica e repentina. O personagem de Benicio era o melhor amigo do marido morto e vive ele próprio uma vida de perdas, desde que trocou a carreira de advogado pela sobrevida de um viciado em heroína. É do encontro dos dois, e de como cada um dá suporte à recuperação do outro, que trata o filme.
Corajosa essa relação entre o recomeço de um viciado que luta contra seu particular impulso à autodestruição e o recomeço de uma mulher que perdeu o homem de sua vida e se enxerga absolutamente sozinha, ao lado dos dois filhos pequenos. Tive medo de achar forçado demais, e seria forçado demais se não fosse a forma delicada em que esse vínculo foi estabelecido.
De fato, há semelhanças. São dois personagens que perderam, muito, de seus eus. No começo do filme, nenhum dos dois acredita possível esse recomeço. Ela tenta preencher os espaços vazios como pode, ao invés de redimensioná-los. Ele custa a acreditar que é capaz de mudar o rumo e age como se cada dia longe da droga fosse mais um dia antes da próxima recaída. Típico comportamento autodestrutivo. No meio dos dois, a delicadeza infantil diante da tragédia – inocente e sem rodeios.
Ultimamente, não por acaso, perdas da vida rondam meu pensamento. Lembro da minha primeira decepção amorosa (ou, ao menos, o que uma garota de 14 anos chama de amorosa); da primeira amizade partida; da primeira pessoa que desisti; do primeiro amigo que morreu; da primeira vez que duvidei da sinceridade de alguém. Perder é estranho. Marca, fere, machuca. A gente não esquece. Pode até esquecer o que ganhou, mas dificilmente apaga o que perdeu.
E aqui está a dúvida que depois de assistir esse filme persiste: esses momentos marcam por que neles perdemos um pedaço ou, ao contrário, por que ganhamos algo?
p.s.: Claro, tem também as perdas materiais que, no filme, são lembradas com uma carga enorme de clichê, com a velha história do incêndio na garagem (o título original do filme é “Things we lost in the fire”). As minhas perdas materiais são incontáveis. Relógio, óculos, bolsas, sapatos, perco tudo, o tempo inteiro. Uma malha azul que sumiu na mesma época que sentimos falta de uma malha também azul do Marquinhos. Sumiram as duas, para sempre. Mas também dou muita coisa. Tanto que nunca sei, quando sinto falto de algo, se perdi ou dei. São objetos e eles voltam, sempre voltam.
2 comentários:
Martinha, perder dói. Sempre. Mas eu prefiro crer que a gente sempre tem algo a aprender com a perda. Difícil é entender o que é...Bjos, Ju
martinha, eu nunca achei meu óculos aviador Armani, aquele que você botava olho gordo, lembra? e já faz uns dez anos que eu perdi. será que volta?
Postar um comentário