segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Rir é melhor que chorar

Essa semana, no UOL, tem uma resenha minha sobre o divertidíssimo "O Amor é Fogo", de Nora Ephron. O livro é dos anos 80, inspirou o filme "A Difícil Arte de Amar" de 1986, mas só agora ganha tradução ao português e é lançado pela Rocco.

Não vou entrar aqui na polêmica clichê sobre o que é literatura, mas o fato é que esse livro é realmente divertido. Não sei se entra nos cânones dos textos imortais, mas me fez dar altas risadas. E isso já vale a viagem.

É a história real da autora transformada em romance. Nora, que é roteirista de Hollywood, estava grávida de sete meses do seu segundo filho quando descobriu que o marido a traía. Foi por terra, assim, sua vida de propaganda de margarina. Alguns anos de terapia depois, ela exorcizou o monstro da traição escrevendo esse livro. E fez do drama pessoal uma história hilariante, para dizer o mínimo. Fazia tempo que eu não lia um livro gargalhando alto. Bom demais.

E ai fiquei pensando sobre esse talento em tirar humor das coisas tristes, principalmente das próprias coisas tristes. Talvez eu seja um pouco assim também. Gosto de fazer piada nos momentos menos apropriados ou, melhor, prefiro enxergar o lado bem humorado da cena.

Da minha tragédia pessoal (a morte do Marquinhos) ainda não consigo ver o lado, digamos, engraçado. Talvez precise me distanciar do episódio em si para ver alguma coisa mais que tristeza. No entanto, me lembro de dois episódios interessantes.

1. Esse eu não vi acontecer. Soube depois. Era o velório. Eu, desolada, não arredei o pé de perto dele, fiz questão de aproveitar cada segundo perto da matéria. Toda hora alguém me oferecia alguma coisa para comer ou beber. Lembro de ter tomado alguns sucos, vitaminas, sei lá. Mas numa das vezes, não quis o suco ou sei lá o que era e sugeri à Ana (a mulher maravilhosa que cuidava da nossa casa e da gente naquela época) para dar o tal suco à minha cunhada. E eis que Ana se vira e se depara com a ex-mulher do meu cunhado ao lado da atual namorada do meu cunhado. Dizem, houve uns minutos de constrangimento, porque Ana não tinha a menor ideia qual das duas eu chamava de cunhada. E nenhuma se apontou. O suco ficou sem dono, dizem.

2. Cortejo a caminho do enterro, uma dor indescritível no meu peito. A Nina segurava uma das minhas mãos. Na outra, meu sobrinho Caio. Ai, eis que o mocinho no alto dos seus 8 anos na época trava o seguinte diálogo comigo:
- Titia, você acha que o Totô (era sim que ele o chamava) viveu muito ou pouco?
- Acho que ele viveu pouco, Caio, mas intensamente.
- Como assim?
- Uai, Caio, ele viveu poucos anos, mas fez tudo que quis, conviveu só que quem amava, não deixou nada por fazer e, mais importante, lutou para realizar todos os seus sonhos.
(Alguns segundos de reflexão depois...)
- Hummm, se é assim, eu tenho que lutar para ter um cachorro de estimação!
(Em tempo: quatro meses depois, Caio conseguiu convencer a mãe e ganhou o choko, um cachorrinho muito fofinho!)

Ah, a resenha:
http://diversao.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/2009/02/02/ult5668u79.jhtm

4 comentários:

Anônimo disse...

Martinha, não tive como não dar risada: essa do Caio foi demais! :)
E, sabe, eu tb acredito que ver o lado positivo é o que nos empurra pra frente, mas, sei lá, chorar é higiênico, limpa a alma. Bjos, Ju

Ema Lúcia_Emiña disse...

Martinha,
Essa do seu sobrinho foi muito interessante! O Pedro Bloch ja dizia "criança diz cada uma..."
O choro é bom, seja de saudade, seja de alegria, seja por qq motivo ate mesmo um comercial de margarina.
A Julia ta muito gostosa, da vontade de apertarrrr!

Tem presente pra vc no meu bloguinho.
www.alejandrosanzpasion.blogspot.com

Beijos

Eminha

Unknown disse...

Peça rara esse Caio... Adoro!

Mic disse...

Martinha, sou amiga da Ju e, é claro, de tanto ela falar da sua Júlia (eu também tenho uma), não resisti em acompanhar seu blog...

Meu marido é judeu, e eles têm esse lado de rir de si mesmo. Acho um bom exercício. Antes a gente do que os outros, né? rs Bom ver a vida de outros ângulos. Nos momentos bons e nos mais ficíceis também.

Ah! Como sou uma traça humana, também tenho acompanhado suas resenhas, pra ver se eu sobrevivo ao fim da saga "Crepúsculo" (sim, virei adolescente e tô amando! ahahah) sem entrar em depressão! Acho que vou emendar no "Amor é fogo", gostei da dica!

bjs